“Uma boa iluminação eleva uma arquitetura medíocre e uma má iluminação acaba com o melhor projeto”. Esta frase de Oscar Niemeyer diz tudo sobre a importância da iluminação nos ambientes. Na verdade, a iluminação é um elemento poderosíssimo na arquitetura e na decoração de interiores. Com ela conseguimos evidenciar determinados detalhes arquitetónicos ou determinadas peças, podemos focar ou desfocar partes do espaço, podendo mesmo ter o poder de transformar um espaço criando ambientes mais leves ou mais cénicos de acordo com a quantidade e intensidade de luz utilizada.
Outra das características da iluminação é ter a capacidade de poder influenciar o nosso organismo, provocando alterações de humor, de bem-estar e de saúde, para além de ser capaz de afetar as nossas tomadas de decisões. A luz transmite-nos sensações. Podemos conseguir transmitir através da utilização de determinada luz sensações de descontração, estimulação, amplitude ou mesmo de desconforto. Que outro elemento à disposição da arquitetura e da decoração tem este poder de alterar os nossos sentimentos e estado de espírito? Com ela podemos influenciar determinados públicos a ficar mais alegres ou mais tristes, mais despertos ou mais descontraídos, podemos criar milhentos ambientes e um sem número de cenários apenas com determinados jogos luminotécnicos. É incrível o controlo que a luz pode ter sobre nós!
Para que a iluminação crie diferenciação é também essencial termos em atenção a forma como a escolha e distribuição da luz é feita, a qualidade das fontes de iluminação e as diferentes temperaturas de cor. É importante ter em atenção o que se quer iluminar para depois avaliarmos se o equipamento a utilizar deve ser de iluminação direta ou difusa, de realce ou de foco para finalmente nos dedicarmos ao controlo sobre o nível da luz de acordo com o objetivo que se pretende para cada ambiente. Uma iluminação para ser correta e estar colocada de forma inteligente tem que estar em coordenação com o quotidiano dos seus utilizadores, dos seus hábitos e dos horários de utilização dos usuários.
A temperatura da cor da luz é um fator determinante para o nosso modo de visualizar os objetos e interpretar as cores ao longo do dia. Enquanto as luzes mais fortes estimulam o cérebro, as luzes de tons mais quentes, proporcionam efeitos emocionais que transmitem sensações de aconchego, tranquilidade e relaxamento. Podemos dizer que quanto maior a temperatura de cor ou quanto mais fria for a luz, maior será a sensação de alerta e foco, tornando -nos mais produtivos para certas atividades. Enquanto uma luz com temperatura de cor mais baixa, que vão do amarelo até tons de mais alaranjados, transmitem-nos sensações de maior conforto e calmaria, sendo ideal para momentos de menor produtividade. Aliada à temperatura de cor, também a intensidade da luz está diretamente relacionada com as nossas emoções, estimulando ou inibindo as sensações positivas e negativas.
Podemos com tudo isto concluir que sendo um tema aparentemente facil, o estudo luninótecnico é um aspeto muito importante de um projeto e quando bem projetado é um forte aliado do arquiteto de interiores e pode ser uma grande mais-valia para melhorar um espaço. Para além disso, um projeto que tem um profissional dedicado à luminotécnica beneficia da utilização diferenciada dos inúmeros tipos de equipamento com a eficácia de cada produto, reduzindo a quantidade de pontos de luz e, consequentemente, trazendo mais economia e mais eficiência ao consumidor contribuindo para uma vivencia mais confortável, saudável e feliz.
Posto isto, percebe-se que um projeto de arquitetura de interiores ou de decoração deve ser sempre acompanhado de um bom projeto luminotécnico, executado com detalhe e cuidado, com atenção específica à vivência do ambiente e à correta utilização da iluminação.
É fundamental pensar nesta componente logo no início da remodelação ou da construção em conjunto com a arquitetura de interiores para facilitar a eficiência na execução e o uso adequado de produtos. Um projeto de arquitetura com um bom estudo de iluminação faz uma diferença brutal no final e é uma mais-valia incontestável para o cliente. Luminárias especificas, com lâmpadas eficientes, posicionadas nos locais corretos, fazem milagres.
Também num projeto de decoração de interiores, que inclui desde a definição do layout até à escolha de móveis e outros elementos estéticos a iluminação deve ser um ponto importante a ter em conta. A função do designer é conciliar iluminação natural e artificial, é perceber como proporcionar um maior conforto estético e sensorial. Nem sempre é facil, pois muitas das vezes, quando o designer de interiores pega no projeto já este não está em fase de grandes alterações no projeto luminotécnico. Nesses casos, tem que se fazer uma adaptação criativa ao que existe, melhorando e corrigindo alguns erros que seriam evitados se tivessem sido pensados atempadamente. Nesta fase tem que ser um trabalho cirúrgico e mais preciso na colocação de luminárias mais intensas ou mais suaves de acordo com as necessidades. É ser criativo na utilização dos diferentes tipos de iluminação existentes. É ser técnico na escolha da cor e temperatura da luz de acordo com as emoções que quer despertar ou acalmar em cada ambiente.
Margarida Bugarim