Será o branco a melhor cor para pintar a casa na hora de a vender?

Como profissional da área da arquitetura e da decoração de interiores trabalhar com a cor nas suas diferentes aplicações e inúmeras paletas faz parte integrante do meu dia a dia. É um tema sempre presente pois muitas das escolhas dos meus projetos tem como ponto de partida a cor. Ou porque se pretende um ambiente mais leve ou mais puxado ou porque queremos transmitir uma determinada
sensação ou emoção, a cor tem sempre a primeira palavra e é a nossa aliada tendo o poder de falar por si. Transmite o impacto que pretendemos mostrar em determinado ambiente, estimulando o nosso cérebro a definir o humor ou até mesmo os nossos desejos.
Neste sentido, a cor a usar na pintura de uma casa para ser vendida com mais facilidade é muito importante e pode mesmo ser decisiva, embora que inconscientemente, na hora da escolha do comprador.

Trabalho em colaboração com o ramo imobiliário e é frequente os clientes pedirem a minha opinião sobre a cor a eleger para pintarem determinado imóvel que têm para vender ou arrendar. Sendo um tema que à primeira vista parece consensual, é importante termos em consideração o tipo de imóvel, as suas qualidades e os seus constrangimentos e escolhermos bem a cor de forma a realçar os pontos a favor e atenuar os mais desfavoráveis. A cor tem o poder de estimular o nosso cérebro e devemos usá-la como uma arma poderosa capaz de influenciar e causar impacto no cliente.

O branco é sempre a cor eleita pelos que tem medo de arriscar na hora da pintura. É uma cor segura e certeira que transmite a ideia de limpeza e é a cor da paz e da pureza. Reflete a luz e dá a sensação de amplitude aos espaços fazendo com que estes pareçam maiores e mais luminosos.
Tudo isto é verdade mas, sabendo eu o impacto das cores no nosso estado de espírito e no seu reflexo nas nossas escolhas, o meu conselho para a cor a adotar num imóvel para venda é sempre no sentido de utilizar cores neutras, nudes, off- whites, mas não branco puro. Porque enquanto o branco puro, para além das características já mencionadas, é sinónimo de monotonia e frieza, estes tons neutros trazem tranquilidade e a mesma impressão de amplitude e luminosidade do branco mas traduzem classe e sofisticação criando um efeito psicológico positivo refletindo-se em espaços aparentemente mais quentes, aconchegantes e apetecíveis
Assim, qualquer cor neutra será uma boa alternativa para tornar o imóvel mais convidativo desde que dentro da paleta dos tons claros e suaves.
O cinzento, por exemplo, é uma cor incrível que uso imenso nas suas variadíssimas tonalidades. Transporta-nos para ambientes modernos de estilo mais sofisticado e é uma ótima opção pois acresce brilho, personalidade e combina muito bem com quase todas as outras cores.
Também uso e abuso das nuances dos beiges e dos taupes. Há tons lindos que acrescem em conforto visual e dão elegância, harmonia e calor a qualquer ambiente. Têm o efeito de dar amplitude e luminosidade tal como o branco mas transmitem calma e convidam a relaxar sendo perfeitos para incentivar os potenciais compradores a quererem ficar.

Em alternativa, para quem tem algum medo de cor, pode optar-se ainda pelo branco com reflexos suaves de azul que é uma cor relacionada com a confiança e tranquilidade ou um verde claro entre os água e os oliva que convidam à paz e à serenidade. Embora prefira cores mais vincadas, em alguns casos, uma pequena nuance será suficiente para quebrar o branco puro e criar um ambiente mais apetecível aos olhos de quem procura o aconchego de um lar.
Defendo que, se a ideia é convencer o potencial consumidor e criar o impacto do amor à primeira vista não devemos ir pelo facilitismo do branco. As opções são inúmeras, os ambientes que se criam são muito acolhedores e o impacto muito diferenciador.

 
 

Margarida Bugarim

Arquitecta de Interiores